sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Executivo vs Funcionários



Acaba de sair um estudo encomendado pelo Instituto Nacional de Administração à Universidade Católica, que arrasa, mais uma vez, a imagem dos funcionários públicos e das Instituições da Administração Publica.

Como em tudo na vida, há os bons, os maus e os razoáveis.

Restringindo-me só ás Autarquias, afinal de contas, o poder que está mais perto das pessoas, como muitos gostam de afirmar, embora raramente se lembrem disso fora das eleições, gostaria de colocar uma questão.

“ O que se espera dos Executivos e o que se espera dos funcionários?”

Obviamente que penso que não se espera o mesmo, se assim fosse não haveria necessidade de eleições, era uma cooperativa (isto faz-me lembrar algo…).

Um Presidente de Câmara ou um Vereador, deve de ser uma pessoa com visão, com ambição, com ideias muito precisas sobre aquilo que quer para o seu Concelho, mas não tem de ser um semideus, basta que seja humano e que perceba que tem limitações intelectuais como qualquer outro.

Também não creio que se deseje que um membro do executivo seja um Mestre-de-obras, um Fiscal Municipal ou um Encarregado, tem de ser, isso sim, alguém que sabe o que pretende e sabe mandar.

Não creio que passar dias a fio a ver erigir um abrigo de contentores seja trabalho dum membro do Executivo, não creio que projectar canais, muros, estradas, edifícios, ou sei lá mais o quê seja trabalho para um Autarca, muito menos se não tem habilitações académicas para tal. Mas espero isso sim que seja alguém capaz de ouvir os seus funcionários, dar-lhes trabalho, motiva-los, ter a humildade suficiente para trabalhar em equipa com os seus técnicos e não fazer o trabalho deles ou dar-lhes atestados de incompetência constantemente e a responsabiliza-los por coisas que por vezes nem passou por eles.

Os funcionários não são Políticos, alguns são mas isso também é um direito que lhes assiste, portanto não têm que escudar o Politico mas têm, isso sim, o dever de zelo para com a Autarquia.

Como se sentirá um Engenheiro a ouvir alguém que não é habilitado para tal a lhe dizer que o seu trabalho está todo errado?
Como se sentirá um Arquitecto a ver aquilo que projectou a ser completamente alterado em nome dum “bom gosto” muito duvidoso?
Como se sentirá um Pedreiro a ver uma pequena obra a ser executada por empresas exteriores à Câmara, tendo ele todas as condições para a fazer?
Como se sentirão os técnicos e demais funcionários a serem acusados de pouca ou nenhuma produtividade quando não lhes é enviado trabalho para fazerem.
Obviamente que isto leva ao desinteresse do funcionário, á sua desmotivação e por conseguinte à diminuição da sua produtividade.

Esperasse que um Executivo ponha a máquina da autarquia a funcionar, preenchendo os lugares de chefias nos vários serviços com técnicos habilitados e competentes e não o contrário, com medo de se perder o estatuto de semideus.

Se por um lado se espera que quem governa tenha a coragem de por a máquina a funcionar indo para isso contra alguns “interesses instalados”, também se espera que quem quer vir a ser poder tenha a coragem de dizer muito abertamente quais as mexidas que faria se lá chegasse, senão fica no ar a ideia de que fica tudo na mesma.

Os papéis estão muito bem definidos, é só passar à prática.

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